PCHAnianos avaliam os 20 anos

do Projeto Construindo a História da Atualidade

O PCHA é uma experiência de prática pedagógica na área de Ensino de História, vinculada à chamada História do Tempo Presente, proposta aos alunos dos 8os anos do Ensino Fundamental do Colégio de Aplicação da UFPE. Tem como principal objetivo que os alunos organizem material contendo - notícias/matérias/editoriais, retiradas da mídia, acompanhando um fato de relevância contemporânea ao longo do ano letivo.

Ao longo dos 20 anos de atividades do Projeto Construindo a História da Atualidade (PCHA) no Colégio de Aplicação da UFPE, foram constatados resultados positivos quanto a importância do projeto na vida acadêmica dos estudantes.
Neste ano de 2013,quando se comemora o vigésimo aniversário do Projeto, indagamos aos alunos/autores que ainda encontram-se matriculados no Colégio, e que já experienciaram produzir a coleta e análise das notícias contemporâneas, qual impacto ou importância o projeto teve nas suas vidas escolar ou extraescolar?

Para saber essas respostas utilizamos a metodologia NEPSO que promove o uso pedagógico da pesquisa de opinião. Através de aplicação de questionários, foram submetidos às turmas A e B, do 9º ano do Ensino Fundamental e do, 1º ano, 2º ano e 3º ano do Ensino Médio, totalizando 8 turmas que já participaram do PCHA, ou seja, dos 226 matriculados nas turmas supramencionadas, 194 responderam ao questionário. As respostas foram avaliadas à luz da análise do discurso, metodologia prevista para os objetivos do PCHA ao longo do corrente ano.
Tivemos como hipóteses as seguintes questões: o Projeto Construindo a História da Atualidade aumentaria ou não a motivação para estudar a disciplina História? Os impactos do Projeto na vida escolar dos alunos do Colégio de Aplicação são perceptíveis no curto prazo pelos alunos? O PCHA tem sua eficácia enquanto prática pedagógica inovadora?
Os alunos do 8 ano de 2013 analisaram os questionários, transformando as respostas em gráficos . O resultado foi a elaboração de banners. A turma A analisou os questionários das turmas A e a turma B os das turmas B. O Banner, elaborado pelo bolsista Paulo Conti, mostra o resultado final.

Constatamos que os alunos/autores reconheceram o bom planejamento do projeto já que responderam que a exigência cobrada foi equilibrada para obter um bom resultado final, totalizando aproximadamente 84% do total das respostas.

Foi possível vislumbrar, também, através das respostas dos questionários as críticas e identificação do projeto pelos alunos. No que se refere diretamente às dificuldades encontradas para a composição do trabalho, o item “muitas notícias sobre o assunto” atingiu 39%, praticamente o dobro da segunda mais lembrada “poucas notícias sobre o assunto”. Outros dois pontos importantíssimos foram abordados : o tipo de mídia utilizada e a forma pela qual os estudantes criticizaram as matérias coletadas. A fonte mais utilizada foi a internet, 31% do total. Destaque, também, para o uso de jornais e revistas, 19% e 17%, respectivamente. Um dado que mereceu atenção foi, a baixíssima utilização de livros, apenas 1% do total.

Os discursos revelados na análise dos questionários confirmaram a nossa hipótese inicial, o PCHA motiva o aprendizado em História bem como melhora o desempenho escolar do aluno. A percepção desses impactos, entretanto, mostra-se mais visível e eficiente no longo prazo. Quando perguntados se o Projeto os fez gostar mais ou menos da disciplina História, 57% dizem gostar mais, contra 41% de sujeitos indiferentes e 2% dos que passaram a gostar menos. Quando os mesmo dados são observados por série, percebemos que o número daqueles que passaram a gostar mais de História, assim como daqueles que consideram vivenciar o PCHA importante para o amadurecimento escolar/acadêmico, é incomparavelmente maior o número de avaliações positivas nas turmas mais avançadas.

Diante de tantos desafios que a História da Atualidade ou a chamada História do Tempo Presente apresenta, o PCHA pode servir como contribuição de uma atividade inovadora de aprendizado que permite aos alunos se sentirem como sujeitos críticos, que conseguem se enxergar como produtores de conhecimento, não apenas como meros receptores de informação. A história, como prática, discurso e realidade é construção e, portanto, a produção que trata do assunto é ,também, uma escrita da história.

REFERÊNCIAS

BRASIL. Secretaria de Educação Fundamental. Parâmetros curriculares nacionais: História / Secretaria de Educação Fundamental. . Brasília: MEC / SEF, 1998.

FOUCAULT, Michel, 1926-1984. A ordem do discurso: aula inaugural do Collège de France pronunciada a 02 de dezembro de 1970. Edições Loyola, São Paulo, 2009.
LIMA, Ana Lúcia D’Império(Ed).et al. Nossa escola pesquisa sua opinião: manual do professor. 3. ed. São Paulo: Global, 2010.

ORLANDI, Eni Puccinelli. Análise de discurso: princípios e procedimentos / Eni P. Orlandi. – Campinas, SP: Pontes, 1999

Paulo Conti
Bolsista do Projeto Construindo a História da Atualidade
Professor de História

Maria Idalina da Cruz Pires
Coordenadora do Projeto Construindo a História da Atualidade
Profa Dra em História